sexta-feira, maio 26, 2006

Prólogo da Despedida


E se você pudesse ler o que escrevo em linhas retas, letras tortas, que batem
e estouram como tambores de guerra, uma horda bárbara tomando, pilhando,
matando tudo que existe! Saqueando e destruindo em chamas, tudo isso aqui
em mim, que até as paredes ouvem, você entenderia?
E se por um momento, o mundo inteiro parasse, o ônibus, o velho chato que
não para de falar, os pombos, os carros, os papeis voando ao vento... 
Nesse instante, você deixaria sua máscara cair e mostraria a verdade, mostraria??
Não... Nem assim. O tempo voltaria a correr, o ônibus passaria estridente, o velho continuaria reclamando, os pombos ate cagariam raspando seu ombro, carros indo e vindo, os papeis levados pelo vento e mais uma chance passaria cinza da despedida, dessas que se dá uma vez só na vida.

sexta-feira, maio 19, 2006

Seis Da Tarde

Seis da tarde, carros passam. 
Senhores de seu espaço e dentro vejo rostos distorcidos tanto pela velocidade quanto pela pressa, angustia, solidao, alegria e a ansiedade de quem os conduzem.
Seis da tarde e no rádio toca músicas antigas, umas boas outras, nem tanto... 
Troco, sintonizo, não acho e la vai a velha fita do Led.
Seis da tarde, e justamente nessa hora que me vem à cabeça um bom tanto de coisas.
Quinquilharias, moveis cobertos com lençol, a certeza de se estar sempre indo em direção
ao pôr-do-Sol. 
Não que o nascer seja feio, não mesmo! Mas a noite acalanta tanto quanto
o dia, é ali que me acho mais, aonde me confundo com todo o resto.
Seis da tarde, sempre foi o meu horario, fosse de sair depois de mais um dia, de vontade de tomar aquela, de esperar por um certo alguem... Hoje nada aconteceu nessa hora, ela apenas passou
como sempre passou, mas sem nada pra contar, alegrar, marcar, enfim.
 A noite veio, e com ela a espera, o instinto que nunca vai embora. 
Quero a noite como sempre, intensa e viva, como quero tudo que me apego, como ainda quero tudo que me faz bem.
Seis da tarde, você não veio e a fita do Led terminou.